2021 • 3′ • P&B • SC • direção de Gabriel Villas Boas Camargo
Sinopse:
“Fim de festa” é uma performance orientada para vídeo, de caráter experimental, na qual embrulho meu corpo com balões e realizo um percurso coreográfico marcado por três movimentos, trepidação, giro e queda e que reverberam três sonoridades específicas. Venho investigando o ruído enquanto interferência/atrito/vibração (sonoros ou não) que, através do labirinto do ouvido, é escutado por todo corpo. No percurso coreográfico busco ativar uma proposição de uma escuta porosa, que experimenta variações entre ruído, barulho, escutar, embrulhar buscando dialogar com o contexto de duas pandemias. sinopse expandida Não esqueço a vez que a Davina, minha professora de Português na oitava-série, no momento da comemoração do seu aniversário, no fim do parabéns, falou “Viva! Um ano a menos”. No começo estranhei, mas depois percebi que de fato, fazer aniversário é fazer “um ano a mais” e também “um ano a menos” – depende de onde se conta. Em 2018, no dia do resultado das eleições, a minha sensação – enquanto homem gay vivendo com HIV – era de pelo menos quatro anos a menos. Nesse dia, encontrei um arranjo de balões perdidos pela casa, resto de alguma festa que não havia participado. Na ocasião, embrulhei meu corpo com os balões e fiquei experimentando qualidades de movimento, sonoridades e possibilidades de escuta como uma forma de sublimar aquela sensação de desaniversário que pairava no ar. Em 2021, durante o processo da pesquisa do projeto “Espacialidades Ambulantes”, a imagem de um corpo embrulhado por balões vira e mexe voltava nos meus arquivos. Estávamos no período da pandemia do covid 19, sem vacina, o departamento de HIV/AIDS estava extinto desde 2019, e me ocorreu cobrir o meu corpo novamente com um buquê de balões, talvez como uma forma de resistência no acolhimento, de comemorar também um ano a menos e de movimentar algo daquela atmosfera de desaniversário de 2018 que se perpetuava em 2021.