A 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega teve a sua estreia no dia 11 de abril no Cine Lúmine, em Campos Novos, onde mais de 700 estudantes da rede pública municipal e estadual tiveram acesso a filmes de cineastas e produtores catarinenses com temáticas envolvendo a Guerra do Contestado. Na segunda-feira, dia 18, será a vez de Curitibanos (Cine Lúmine – Queluz – Rua Lages, 17).
Desta forma, une-se educação e cinema e se começa a pensar a partir do olhar e da percepção de cada um a respeito da sua identidade regional. O Projeto é uma realização do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc e conta com a produção da VMS Produções e da Pupilo TV de Joaçaba. No dia 25, encerra-se o evento, em Caçador.
A Mostra leva o nome da guerreira Chica Pelega, a Francisca Roberta, resgatada por meio da memória oral do Conflito do Contestado e também propõem, por meio do cinema, uma valorização da cultura oral do povo caboclo, e uma tentativa de reparação histórica, visto que os livros didáticos – ou a historiografia oficial – pouco fala sobre quem perdeu a guerra – chamada de genocídio pelo historiador Vicente Telles: “É canhão contra facão, isso é guerra ou genocídio?”.
A Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado (1912-1916) foi o conflito civil mais sangrento que aconteceu na história do Brasil. Naquele tempo, o governo brasileiro entregou uma faixa de terra de 15 quilômetros a cada margem da ferrovia São Paulo X Rio Grande para o capital estrangeiro, liberando a exploração principalmente da madeira, que era farta. As pessoas que ali moravam e plantavam para as suas subsistências foram expulsas de suas terras – as quais não tinham um papel que lhes desse propriedade. E isso dava o direito ao capital estrangeiro de matá-los se fosse preciso para garantir essa posse.
Á noite, a 2a Mostra Chica Pelega, juntamente com o Cine Lúmine, abre as portas para o público poder acompanhar a exibição do curta-metragem Larfiagem (2017), da hervalense Gabi Bresola e para o longa-metragem Terra Cabocla (2015), de Márcia Paraíso e Ralf Tambke, da Plural Filmes, de Florianópolis.
Durante a Mostra, os horários diurnos já contam com mais de 10 escolas públicas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a GERED. Os estudantes irão assistir a quatro curtas-metragens de diferentes décadas com o propósito de unir as atividades escolares e o cinema. Os filmes são: Irani, do Rogério Sganzerla (1983), Olhar Contestado, da Fabiane Balvedi (2015) e Larfiagem (2017), de Gabi Bresola.
Os filmes, com curadoria do cineasta joaçabense Rudolfo Auffinger, são curtas-metragens com duração média de 15 minutos, ideal para sala de aula, questionando as fotografias oficiais da guerra, lembrando rituais dos povos indígenas Kaingang e abordando idioma criado por hervalenses 40 anos depois do conflito para se comunicar na estação ferroviária, a conhecida grinfia ou Larfiagem.
Após a exibição haverá debate mediado pelos convidados: Paulo Pinheiro Machado, professor titular do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a instituição, e de Jilson Carlos Souza, caboclo, educador e comunicador popular e integrante da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC).
Serviço
Dia 18 de abril – segunda-feira
Horário: 19h30
Local: Cine Lúmine – Rua Lages, 17 – Curitibanos
Programação e ingressos em www.chicapelega.com.br