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Olhar Contestado: Entrevista com a diretora Fabianne Balvedi

Olhar Contestado: Entrevista com a diretora Fabianne Balvedi

Olhar Contestado: Entrevista com a diretora Fabianne Balvedi

Olhar Contestado é um documentário que aborda um episódio acontecido há quase 15 anos após o término da Guerra de Canudos. Com proporções e significados semelhantes, a Guerra do Contestado conflagrou-se numa região do sul do Brasil cuja posse era disputada pelos estados do Paraná e Santa Catarina. Numa extensão de terras equivalente ao Estado de Alagoas (25.000 km2), durante mais de quatro anos, entre 1912 e 1916, uma população estimada em vinte mil sertanejos enfrentou as forças do governo e do coronelismo predominante na região, num conflito que chegou a envolver 80% do Exército Brasileiro. Ao término do conflito, Paraná e Santa Catarina assinaram um acordo estabelecendo definitivamente suas divisas. E foi no apogeu de tais lutas que pela primeira vez na história do Brasil as massas camponesas manifestaram a clara consciência da necessidade de garantir seu “direito de terras.

Fabianne Balvedi aponta o seu “olhar contestado” dirigindo um documentário de 15 minutos, que faz parte da  2ª Mostra Chica Pelega de Cinema. Acompanhe esse diálogo e curiosidades sobre o que esse filme apresenta e como ocorreu sua produção, técnicas utilizadas e mais informações:

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Quando você teve a ideia de falar sobre o Contestado?

Apesar de ser da região, como a maioria de nós, eu só comecei a ouvir falar mais sobre a Guerra do Contestado depois de ter saído da escola. Eu fui convidada pelo Fernando Severo, que é de Caçador, para participar de um projeto de filme que ele pretendia ao tentar uma Lei de Incentivo. Eu topei. Fui a produtora e acabei sendo também a diretora porque ele achou justo que a direção ficasse comigo. O roteiro e montagem foram dele. Mas a ideia de fazer um filme sobre o Contestado foi do Fernando. Juntamente com toda a equipe que está na ficha técnica, fizemos o Olhar Contestado.

Como você teve acesso às fotos do Claro Jansson?

Eu tive acesso a essas fotos por meio do Paulo Moretti, que é neto dele. Quem me apresentou à ele foi o professor Nilson Cesar Fraga. Eu cheguei ao professor Nilson pela pesquisa da Luciane Stocco e do Thiago Benites, que foram os dois pesquisadores do nosso filme. 

O que significa o filme ter sido editado  com o uso de software livre?

Significa que ele é um filme que conseguiu ser feito com ferramentas livres. Isso mostra que é possível trabalhar profissionalmente com software livre. É como um atestado de funcionalidade da ferramenta. Mostra que ela não deixa a desejar para nenhuma outra ferramenta no mercado. Existe um preconceito de que software livre não funciona. Inclusive o sistema operacional Android, por onde nos comunicamos, é um software livre. Além de usar software livre, o próprio filme é livre. 

Há uma noção de realidade ou ficção que pode ser manipulada?

Na verdade, a tese do professor Rafael, que também está nas entrevistas, no elenco do filme,  é que as fotos foram posadas, para passar algo que não estava acontecendo. Que a guerra era justa com o lado perdedor e que o lado perdedor estava sendo bem tratado, quando não foi bem tratado, teve muita gente que foi morta e depois não sabiam o que fazer com  tantos prisioneiros. Era muita gente para alimentar. E nestes moldes é que se diz que aconteceu este genocídio, ao final da guerra. Na época também, você não conseguia fazer uma foto instantânea. A pessoa precisava parar na frente da foto. Então, tem vários motivos para as fotos terem sido feitas daquela forma como foi. Mas, simbolicamente, dá pra ver que os caboclos estavam em uma posição inferior e o Exército atrás, em pé. Não sei nem se foi consciente. Mas você consegue perceber isso nas fotos, pelas posturas.

O que significa para você ter o seu filme incluído em uma Mostra de Filmes que se propõe a apresentar o Contestado à estudantes da rede pública de ensino na região onde o conflito ocorreu?

Pra mim, é a consolidação do objetivo do filme. É o início de uma trajetória que eu quero que perdure o quanto puder. Não sei quanto tempo existe de vida para um filme. Não sei se a gente pode dizer que algum filme morreu em algum momento, não sei o que significa a vida de um filme. Mas eu acho que dá pra dizer que o filme entrou nos trilhos da trajetória que deveria seguir. Importante ele ficar conhecido para ser utilizado nas escolas. O meu objetivo, pelo menos, era esse. Era que a história pudesse ficar conhecida por essa lente do olhar contestado.

Para conhecer melhor a o trabalho de Fabianne Balvedi você pode conferir a na minibio aqui mesmo no site da 2a Mostra de Cinema Chica Pelega. E para assistir ao trailer deste e dos demais filmes desta mostra, e ter acesso às fichas técnicas e outras informações, acesse a página Filmes, aqui mesmo.

Picture of Cristina de Marco

Cristina de Marco

Jornalista e mestra em Linguagens. Tem experiência em assessoria de imprensa. Pesquisadora da obra do cineasta joaçabense Rogério Sganzerla.
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Cristina de Marco

Jornalista e mestra em Linguagens. Tem experiência em assessoria de imprensa. Pesquisadora da obra do cineasta joaçabense Rogério Sganzerla.

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